Primeiramente,
estou a duas quintas sem postar porque fui preguiçoso estava atarefado, mas
tive tempo de assistir Jessica Jones, pra você ver :D. Segundamente, abaixo, você encontrará
uma crítica supimpa e descolada da série, atrasada eu diria. Então, leia com
atenção e comente ao final sua opinião, se concorda comigo ou não, se quer me
bater, se me acha um esquerdinha caviar - você entenderá - e afins... Boa
leitura! u.u
Jessica Jones:
Afinal, é melhor que Demolidor ou não?
À primeira
vista, uma crítica da série Jessica Jones comparada com Demolidor é no mínimo
equivocada. Desde a abertura, a série da detetive porradeira deixa claro que o
clima dela, apesar de a priori também se tratar de uma estória de super-heróis,
será diferente da do advogado cego que se veste de demônio.
Krysten Ritter interpreta Jessica Jones. |
Jessica
Jones é desde os primeiros segundos, uma série que nos dá a impressão que será sobre o universo noir, com clima
sisudo, ritmo lento e com investigações e temas sérios. A protagonista da estória é alcoólatra, possui um passado, no mínimo, traumático e sofre de
pesadelos com uma figura ameaçadora. Jessica é uma detetive particular que,
como ela mesmo diz na série, é paga para dar uma de voyeur e assistir os outros
transarem. Isso mesmo que você leu, amigo, uma estória ambientada no UCM,
Universo Cinematográfico da Marvel, com cenas de sexo. E não são poucas, por
sinal; ainda mais quando entra na equação o elemento Luke Cage.
Contudo,
apesar do climão do primeiro episódio sugerir que teremos mais uma série de
caso da semana a se investigar, a lá CSI e NCIS, somos apresentados à
problemática e ao ponto alto da estória: o excelente e maldoso Kilgrave, ou, o
homem púrpura, como nos Quadrinhos; interpretado pelo melhor Doctor Who de todos, David Fuckin Tennant.
A partir do excelente
final do primeiro episódio, que quebra o ritmo lento e cadenciado próprio dos
enredos noir, a série foca somente em: como se capturar alguém que domina a
mente das pessoas, o poder de Kilgrave, e que pode usar qualquer um pra se esconder
ou te atacar; ou cometer suicídio, divertindo o vilão e como ele faz inúmeras vezes ao longo da
série.
Dito isso,
vemos toda a história se transformar de uma série de investigação a uma espécie
de perseguição de gato e rato onde o papel de perseguidor e presa, alterna-se
entre Jessica Jones e Kilgrave. Jessica tem todos os motivos para querer matar
Kilgrave, pois seu passado traumático e seu vício se devem a este personagem,
enquanto que Kilgrave, possui uma fixação imprevisível no personagem interpretado
por Jane de Breaking Bad Krysten Ritter.
David Tennant é Kilgrave na série, baseado no Homem Púrpura dos Quadrinhos. |
Até então,
mais ou menos até a metade da série, tudo ia muito bem e até o ritmo lento
possuía um propósito; dado o clima noir, tantas vezes aqui citados. Contudo, somos
apresentados ao, talvez, único ponto fraco que realmente incomoda em Jéssica
Jones: o roteiro apressado, por vezes forçado, em que, em diversos momentos,
apresenta situações desnecessárias e soluções rasas a personagens e situações
que poderiam ser melhores exploradas. E aí, o que eu falei de início em relação
a série do Demolidor, cai por terra.
Desse modo, a
comparação com a série do Diabo da Guarda é inevitável. Saímos de uma estória
de suspense e com um teor pesado e complexo, para cair em outra que enfia
situações para vermos relações com o UCM e Jessica Jones cair na porrada com
alguém; o que não seria demérito se fosse um pouco melhor trabalhada no
roteiro, pois as sequências de ação na série são boas. Por isto, a comparação
salta aos olhos, visto que Demolidor, fez tudo isto e ainda nos deu um respaldo
em seu Argumento.
Comparações com Demolidor se tornam inevitáveis à medida que o roteiro vai deixando a desejar. |
Ainda assim,
diversos pontos nos fazem querer continuar assistindo a trama e citarei alguns:
Primeiro, e
como sempre, David Tennant está incrível; realmente mau no papel de
antagonista. Sempre que ele aparece, primeiro aos poucos – no melhor momento do
vilão, quando se cria um suspense em cima dele, mas algo que o roteiro logo
abandona affs :( – e depois, literalmente, roubando a cena dos outros
personagens que contracenam junto com ele. Ficamos encantados com a atuação do
segundo Doctor da nova geração da BBC e, porque não dizer, amedrontados. David
Tennant, junto com o roteiro – não serei tão ranzinza com o roteiro nesta crítica,
se foi o que acharam –, entregam-nos um vilão a se temer e nunca duvidar das maldades que ele poderá
fazer e nos surpreender; até quando ensaiam uma redenção ao maldito spoiler hehehe.
Eka Darville é Malcolm, um personagem secundário importante na série. |
Segundo, os
personagens secundários. Eles são muito bons de início e nos fazem realmente
nos importarmos com eles e suas estórias, cerceando Jessica Jones e,
aparentemente, sendo importantes para o desenrolar da trama, com destaque no
Luke Cage, que não, não é desnecessário a série como alguns críticos estão
dizendo por aí. Se você leu os
quadrinhos de Alias, de Brian Michael Bendis e de onde a série se baseia,
sabemos a real importância que o personagem tem para o futuro de Jessica Jones e
que ele não está ali por acaso; mesmo que a série tenha forçado uma ligação
entre os personagens que não me agradou muito, e que não posso citar aqui
porque seria spoiler. Porém, sempre há um porém nesse roteiro, mesmo os personagens secundários sendo um ponto forte,
acabam por se tornar um ponto fraco a medida que a série vai chegando ao fim,
pois as resoluções de seus arcos são, por muitas vezes, pobres e jogadas; pouco
acrescentando a trama, diferente do que nos tentam fazer acreditar.
Alias é o quadrinho que serve de base a série, de Brian Michael Bendis. |
Terceiro, as
referências aos quadrinhos de Alias. São muitas: temos a sequência inicial,
Jessica no vaso sanitário fazendo o número 2 '-', o relacionamento com Luke
Cage, o bar de Luke Cage, o clima noir inicial, a personalidade da
protagonista, etc. Alguns pontos tiveram de ser alterados, mas a maioria deles
não me incomodou e os que o fizeram, como o que eu já citei, dá para se
relevar, pois o resultado alcançado com a série é mais do que satisfatório.
Quarto e
último, e não menos importante!, a própria Jessica Jones e os temas que envolvem
a personagem. Ela é uma personagem feminina forte, que convence os telespectadores
e cheia de defeitos; algo que a série, se quisesse ser chapa branca, poderia
ter tentado mascarar. Grande parte disto, deve-se a produtora da série que fez
questão de chefiar o projeto e abordar os assuntos polêmicos que Alias trazia,
como: igualdade de gênero, sexualidade, estupro, machismo e autoridade imposta
pelos homens, muitas vezes de maneira inadvertida, sobre as mulheres; último tema explícito
em Kilgrave tanto na sua personalidade, quanto em seus poderes. Agora, aos que torcem
o nariz ao Feminismo e seus temas abordados na série, não se preocupem, nada
disso é didático ou martelado a cada segundo pela série. Tudo é muito natural e
espontâneo e pode passar batido do seu hate, pois foram temas discutidos da
maneira e na dose certa, pois não fica forçado e não quer disciplinar ninguém;
apenas expõe fatos ao universo de uma protagonista feminina e que quer seu
espaço no meio de tantos outros super-heróis do gênero masculino que veremos no futuro e que dividirão tempo de cena com ela em
Defensores, na Netflix.
Junto a Demolidor e Jessica Jones, outros dois personagens, Luke Cage e Punho de Ferro, ganharão séries na Netflix e todas elas culminaram em Defensores; mais um dos supergrupos da Marvel. |
Exposto tudo
isso, você deve está se perguntando: E
quanto ao saldo geral da série, Gaspar? Devo assistí-la? Galera, é mais do que
recomendado que se assista a Jessica Jones. É uma série, que apesar dos
defeitos no roteiro e no ritmo que sobe e desce de intensidade, não pode passar
desapercebida e que acrescenta e muito ao Universo construído pela Marvel na
mídia audiovisual, tanto por acrescentar temáticas mais adultas a ele quanto por ela está integrada e compartilhar personagens
e momentos com o UCM. Dito isto, citarei antes de finalizar a crítica, um último ponto
fraco da série, que tinha me passado desapercebido enquanto eu escrevia, e um
último forte.
O último ponto
fraco: alguns personagens dos quadrinhos, não só de Alias, mas do Universo
Marvel, são muito mal aproveitados na série. Em especial Nuke, um puta vilão
criado por Frank Miller nas páginas de Demolidor e que aparece em Jessica Jones
na mesma velocidade em que some e com um propósito duvidoso, prepara-lo para o
futuro. Isto é muito chato porque se altera uma origem que poderia ser melhor
explorada em seu contexto ideal e que seria muito melhor aproveitada também.
Assim como os momentos ruins do roteiro, mancha um pouco a imagem da série, mas
que no final, ainda se mantém positiva.
Há outro
personagem que algo semelhante acontece, mas não vou estragar possíveis
experiências futuras, pois diferente de Nuke, para os que não leram os quadrinhos,
tal personagem passará batida.
O último ponto
forte: a ligação com Demolidor. Elas não são poucas e são muito bem feitas.
Toda a trama se passa em Hell’s Kitchen e revisitamos sets e ambientes da série
do demônio, como a firma de Jeryn Hogarth que já apareceu em Demolidor; lembram
daquela firma grande que Nelson e Mudorck abandonam? Então... Aqui, aconteceu
algo que me surpreendeu e incomodou, mas não foi o fato do sexo de Hogarth ter
sido trocado em relação aos quadrinhos, a Trinity de Matrix Carrie-Ann Moss
interpreta o futuro advogado dos Heróis de Aluguel, pois na nona arte ele é
amigo do pai de Danny Rand, o Punho de Ferro, e que ganhará também um série na
Netflix, e a primeira vista, nada foi citado sobre o personagem; mas não se preocupe, é apenas um incômodo de fanboy. Outra ligação é a
personagem da Enfermeira Noturna, interpretada por Rosario Dawson, que aparece
no último episódio da série e já digo isso para não se frustrarem com a sinopse
dele; não, o amigo do bairro que aparece não é o Demolidor! D: É ela que sugere
a aparição do Diabo da Guarda, mas que logo é refutada por Jessica Jones.
Compreensível, mas...
Outro ponto forte da série é a ambientação e a própria protagonista. |
Enfim, mesmo com o roteiro brochante por diversos momentos vá assistir Jessica Jones!
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