sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ex Machina: Mais Um Fôlego da Ficção Científica no Cinema


É galerinha, há quanto tempo, hein? Como vão vocês, a família, sentiram falta de mim?
Sei que não...
Enfim, perdoem o post mais sério que o habitual e ainda no meu retorno, mas é a vida :D. Assisti Ex Machina semana passada, em uma pausa entre um trabalho pra concluir e coisas pra estudar, a velha procrastinação, e me deparei com uma grata surpresa que preciso compartilhar com vocês –, principalmente, por se tratar de uma surpresa relativa a um dos meus gêneros favoritos do cinema: A Ficção Científica.
Portanto, sentem aí e não leiam este post em pé porque, pra variar, como todo post meu, trata-se de um textão. Uma crítica pautada na cagação de regra bem fundamentada em cima de alguns elementos que achei importante ressaltar no filme para obrigá-los a fazê-los assistir.




O Post Começa em 3, 2, 1 e...
                
Ex Machina, 2015 (Produzido por DNA Films e Film4 e distribuído pela Universal Pictures).
               Ex Machina é uma obra que não é perfeita, principalmente devido a alguns probleminhas de ritmo no final do terceiro ato, mas mesmo assim entrega um filme de Ficção Científica que há muito tempo Hollywood não se arriscava em investir ou distribuir – que é o caso dessa obra. A produção do filme é britânica e ele foi distribuído pela Universal Pictures em 2015, concorrendo, inclusive, a duas indicações ao Oscar desse ano: Roteiro Original e Efeitos Visuais.
                No filme, vemos Caleb Smith (Domhnall Gleeson), um programador em uma empresa fictícia chamada Blue Book, ganhar um prêmio para passar um final de semana na propriedade de seu chefe, o CO da empresa interpretado por Oscar Isaac, Nathan Bateman. 
Caleb Smith ganha um prêmio da empresa em que trabalha.

Em uma instalação subterrânea, Caleb descobre que seu prêmio não é bem o que ele imaginava, mas sim, uma proposta de emprego e assina um contrato de confidencialidade para aplicar um teste de Turing que consiste em testar uma Inteligência Artificial e apresentar comprovações da veracidade ou falsidade da invenção, analisando a interação e traços tipicamente humanos que determinada máquina possa vir a possuir. A Inteligência Artificial da vez é AVA, interpretada por Alicia Vikander. Nada de uma consciência do mal em um supercomputador ou uma máquina mortífera capaz de pôr fim a humanidade, “apenas” uma singela e meiga garota.
O trio de Protagonistas, das esquerda para a direita: Caleb Smith (Doomhnall Gleeson), Nathan Batema (Oscar Isaac) e AVA (Alicia Vikander).

A partir daí, o filme se desenvolve dividindo-se entre as sessões de Caleb e AVA e as discussões do programador com seu excêntrico superior, Nathan – propenso a bebedeiras, sarcasmo e certo descaso com a importância de seu trabalho e invenção.  
Caleb aplica o teste de Turing em várias sessões com AVA no filme.
AVA, "apenas" uma garota meiga.
Nathan discute com Caleb sobre as propriedades científicas de sua invenção.
As discussões entre os personagens de Isaac e Gleeson também guiam a narrativa do filme.
Alex Garland assina o roteiro e dirige Ex Machina.
O roteiro de Alex Garland, que também assina a direção da película, é simples e verossímil, rapidamente nos envolvendo em uma atmosfera repleta de indagações em cima de tudo que nos é apresentado no primeiro ato do filme. As atuações em Ex Machina são competentes e passam toda a subjetividade que seus personagens pedem, não precisando de diálogos mirabolantes, repletos de explicações e complicações para o roteiro parecer cabeçudo e relevante ou para nos fazer entender o trio de protagonistas e suas motivações como fazem caras superestimados respeitados do meio, como o Christopher Nolan. Pelo contrário, Ex Machina preza por um discurso e uma narração bastante implícitos, com muito pouco sendo explicado, ou que quando é feito – com “frases soltas” de Caleb e Nathan em suas discussões que vão desde Oppenheimer e sua célebre citação após criar a bomba atômica, passando por Caça fantasmas e desembocando no mito de Prometeus –, apenas para nos fazer perceber o que estar se passando dentro do universo estabelecido no filme e como se comportam Caleb e Nathan frente à descoberta que ambos, a sua maneira, tem pela frente.
O ambiente clean e claustrofóbico da instalação secreta de Bateman.

                O visual do filme, até pela proposta High Tech, mas ancorada nas possibilidades de um possível presente ou futuro próximo, é clean, porém apresenta certo temor devido aos ambientes claustrofóbicos e vigiados na instalação.  Tudo isso cria uma tensão interessante que vai numa crescente até os momentos finais do terceiro ato desencontrado. Tensão esta, que estabelece um interessante jogo entre os protagonistas quando começamos a duvidar quem estar controlando ou testando quem à medida que as sessões e discussões vão avançando.  Nathan vigia Caleb que vigia AVA que parece alheia a tudo que se passa entre ela e seu entrevistador misterioso. Será?
                Assim como as atuações, os efeitos visuais são bastante competentes e até contidos – o que nos faz perguntar do porquê de sua indicação ao Oscar ao lado de filmes como Mad Max e Star Wars. Atrelado a este ponto, a atuação e a maneira como AVA é trabalhada na trama são um show a parte. Alicia Vikander não abusa de expressões introspectivas ou sem emoções, como vemos a rodo em filmes de ficção científica que tratam do tema, pois sua IA não precisa ser escondida, mas sim, posta em cheque. Ela tenta a todo o momento demonstrar o quanto é humana e o quanto estar interessada no primeiro ser que vê desde Nathan, seu criador.
Os efeitos especiais são competentes e ajudam no clima realístico do filme.

A trama só avança quando se encaminha para o segundo ato e o elemento utilizado para que isto aconteça se dá pela primeira vez: uma falha de energia que tranca todos os cômodos e desliga as câmeras deixando Caleb e AVA sozinhos para conversarem o que quiserem, sem a interferência de Nathan. Sem mais Spoilers, é a partir daí que a porr@ coisa começa a ficar séria.
O ritmo cadenciado do filme aos poucos ganha uma tensão inesperada quando Caleb começa a suspeitar de algo.
Ex Machina acerta em cheio em trazer de volta a Ficção Científica, discussões acerca da ciência e da humanidade que, praticamente, é o cerne do gênero, mas que parece ter sido esquecido em filmes cada vez mais frequentes que visam mais o lado pipoca da coisa que o “cabeça” – até Star Trek em seus remakes/continuações se renderam a isto. As discussões de Caleb e Nathan trazem uma carga filosófica e científica bem estruturada e condizente com toda a proposta da obra e sua narrativa, sem se perder na verborragia desnecessária para fazer um possível público leigo entender o que se passa. Ou seja, te chamando de burro!
Como dito antes, o trio de protagonistas, e uma personagem de apoio em especial, estão bem encaixados em seus papéis, com atuações boas e uma química bastante interessante. A trilha sonora também é extremamente importante para o clima e atmosfera que o diretor imprime em sua obra, mas não espere nada marcante que ficará na sua cabeça mesmo quando o filme terminar.
Oscar Isaac, aka Poe Dameron, como o excêntrico Nathan Bateman.

Infelizmente, a conclusão de toda a trama se dá de uma maneira estranha e com um final desencontrado, mas não se preocupe, pois não é nada que comprometa o produto final da obra. Ela apenas sofre do final do Senhor dos Anéis que não parece saber direito como encerrar o arco dos protagonistas dando vários finais em várias cenas que poderiam muito bem encerrar o filme cada uma delas sozinhas.
Dito tudo isso, Ex Machina é um excelente filme de Ficção Científica e traz um fôlego novo as obras contemporâneas desse gênero que parece cada vez menos aproveitado não só no cinema mainstream, como também em meios independentes; e olha que podemos encaixá-lo nos dois espectros relatados. Em minha opinião, dependendo de como Alex Garland se saia no Oscar em sua indicação, Ex Machina pode trazer um novo fôlego para obras mais ousadas e contemplativas. Algo que Interestelar, que também é um bom filme, se tivesse sido menos prepotente, poderia ter conseguido fazer com o peso que sua produção tinha para o Cinema. Enfim, excelente filme, divertido quando tem que ser e reflexivo na medida certa. Não perca tempo, procure assistir Ex Machina na próxima vez que quiser ver uma puta obra cinematográfica.  

Um Último Adendo

Fica aí pra vocês um lamento especial do Gaspar: bem que esse filme poderia tá na lista das indicações de Melhores Filmes do Oscar. Pena que filmes de gênero são desprezados pela Academia... 
Mad Max, seu lindo, nos represente e leva o caneco pra casa, minino! o/


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